Thursday, July 24, 2014

Afinal, quem sou eu?

Texto por Renan Barbizan e Nathália Petry

Partindo da velha máxima de que até mesmo quando nascemos não temos nenhum tipo de opção, já dá para observar que nossa vida recebe interferências externas o tempo todo, do início ao fim. O grande trunfo é saber como lidar com elas, não se deixando confundir com a realidade do seu eu, ou seja, não deixando que sua verdadeira personalidade se afogue no meio de tanta condição externa.

Durante a vida toda sofremos modificações que interferem no nosso eu, partindo da infância, onde somos estimulados a brincar e a nos envolver em diferentes atividades, assim como aprendermos a nos alimentar e nos desenvolver, mas sofremos também várias repreensões, como quando exageramos em algo naturalmente pela inocência que ainda nos cerca e somos punidos, ou quando deixamos de comer e levamos bronca, sendo “incentivados” a comer mais um pouquinho, daí quando finalmente encontramos algo que gostamos e exageramos um pouco, também somos punidos. Assim, em meio a estas interferências externas, como será que cresce uma criança? Incentivada ou com medo? Além disso, o apelo à beleza e à perfeição já são inseridos desde a infância, e as crianças crescem aprendendo a desejar serem diferentes: mais bonitas, mais magras, mais perfeitas.

Depois vem a adolescência e a história se repete, onde muitas vezes as pessoas ao nosso redor não sabem lidar com nosso modo de ser: se somos mais reservados e caseiros, somos ironizados, tratados como anti-sociais e por aí vai, mas quando fazemos muitos amigos e queremos sair, aparecem milhões de regras quanto a dias, horários, explicações, “relatórios de saídas”, e se algo não for cumprido, punição novamente. Sentimos julgamentos até em relação a nossa alimentação, já que quando não temos muita fome estamos ficando magros demais e não vamos crescer, e quando comemos precisamos nos cuidar senão vamos ficar obesos.

É claro que muitas destas situações ocorrem devido a preocupações dos próprios pais e familiares, porém seria esta a forma exata de contribuir para a formação de um indivíduo? É claro que limites e educação devem ser ensinadas, mas como fazer isso sem criar um negativismo? Como criar auto-estima, confiança, motivação? Sem contar o gigante apelo midiático constantemente dizendo que você não é bom o bastante, que você não é bonito o bastante, que você não é perfeito o bastante, que você precisa comer isso, que você precisa pensar isso, que você precisa parecer com isso.

As interferências externas que temos em nossas vidas, sejam elas boas ou ruins, são enormes e constantes. Poderíamos citar muitas situações nas quais opiniões e comentários alheios interferem grandemente no rumo das nossas vidas, mas o objetivo aqui não é esse.

Pelo contrário, o objetivo desta reflexão é estimular nosso pensamento para a grande pergunta: “Quem, na verdade, sou eu?”

Para buscar uma melhor qualidade de vida física e psicológica é necessário o entendimento de que, apesar de vivermos rodeados de diferentes tipos de interações sociais - familiares, de amizade, de relacionamentos ou mesmo de desconhecidos - a única pessoa com conhecimento completo de si e responsável por tudo aquilo que você pensa e faz no seu cotidiano é você mesmo! Afinal, partindo da ideia de que quem levanta todo dia e vai cumprir as suas obrigações é você, porque a opinião do outro está sendo tão valorizada assim?

Quem é você? Quais são seus gostos, seus sonhos e sua paixão na vida?

Nosso conselho é que você leve a vida de um modo em que viver deixe de ser uma responsabilidade e passe a ser um gosto, onde o trabalho seja vivido com prazer, onde os estudos sejam estímulos diários, onde estar com pessoas que nos fazem bem seja apreciado, onde questões como vestimenta, comida, pensamentos e atos sejam da sua vontade e conhecimento.
Assim você estará mais seguro para aprender a cada dia a ser alguém melhor, motivado pela vontade de viver ao máximo e não pelo medo de não satisfazer as vontades dos outros acima das suas. Assim, você estará preparado para se auto-conhecer, se auto-entender, se auto-aceitar e se auto-valorizar.
Você estará preparado para responder, sem hesitar, a pergunta ‘Quem sou eu?’.

Monday, July 21, 2014

'Mãe, eu quero ser uma barbie' - dietas, insatisfação corporal e transtornos alimentares na infância

Semana passada, uma menina linda, saudável e cheia de vida, de 7 anos, veio me dizer que ela precisava fazer mais exercícios e suar pra perder a barriga, que, segundo ela, era grande. Confesso que fiquei assustada.

Desde quando crianças têm essa preocupação com a aparência? Desde quando as preocupações das crianças foram destorcidas do brincar para o se importar com a sua imagem? Desde quando as crianças deixaram de querer ter uma barbie para querer ser uma?

“Não a deixe pensar dessa forma”


Refletindo e pesquisando no tema, fiquei assustada com os dados encontrados.
A infância tem sido invadida não só por uma preocupação excessiva com corpo e aparência, mas também por uma consequência grave desta: dietas, comportamentos alterados em busca da perda de peso e até mesmo transtornos alimentares cada vez mais presentes na infância.


O National Eating Disorders Association traz os seguintes dados relacionando infância e transtornos alimentares:

42% de meninas entre a 1ª e 3ª série revelaram que gostariam de ser mais magras (Collins, 1991).
81% das crianças de 10 anos tinham medo de se tornarem gordas (Mellin et al., 1991).
46% das crianças entre 9-11 anos estavam “às vezes” ou “frequentemente” em dieta, e 82% das famílias também estavam “às vezes” ou “frequentemente” em dieta (Gustafson-Larson & Terry, 1992).


Como assim, gente? 81% das crianças de 10 anos tinham medo de se tornarem gordas?! Isso é muito cruel, sim ou sim?
Fiquei assustada! São dados bem alarmantes, certo? E muitos deles são da década de 90, sendo possível, assim, que hoje em dia esses números sejam maiores, já que nós possamos uma mídia muito mais infiltrada nas nossas vidas, por meio do poder que a internet adquiriu atualmente.


Segundo o estudo de Gonçalves et al (2013) sobre transtornos alimentares na infância e na adolescência:

“Os transtornos alimentares mostraram-se comuns na infância e na adolescência.
Dentre os fatores de risco para os transtornos alimentares, destacaram-se a mídia e os ambientes sociais e familiares.
A influência da mídia e do ambiente social foi associada, principalmente, ao culto à magreza.
Já no âmbito familiar, o momento das refeições mostrou-se fundamental na determinação do comportamento alimentar e no desenvolvimento dos seus transtornos.”


Para concluir e refletir, eu deixo a seguinte mensagem:


“Toda sociedade tem um jeito de torturar suas mulheres. 
Nosso jeito é impondo a busca pela perfeição. 
Toda criança pode ter um intenso medo de "ficar gordinha". 
Isto não deveria ser desse jeito. 
Esta menina tem o direito de crescer sem ter seu corpo criticado.”


Imagens retiradas do Google Images.

Thursday, July 10, 2014

"Eu vou perder tudo se eu não aprender a me amar"


Nicole Scherzinger, talentosa popstar feminina, membra do ex grupo Pussycat Dolls, revelou, em 2012, sua batalha contra um transtorno alimentar: a bulimia nervosa.

Segundo ela, durante o auge do sucesso de Pussycat Dolls, ela viveu a época mais escura da sua vida.
"Bulimia é uma doença horrível e paralisante, e isto foi uma época sombria na minha vida." diz ela.

Segundo ela, a bulimia nervosa é fácil de esconder, quando em comparação com a anorexia nervosa. E por isso os familiares e amigos nem sempre conseguem perceber esta fase difícil que você vem enfrentando.
"Eu escondia isso muito bem. Eu ficava envergonhada. Eu sabia que isso não era normal ou saudável, porque eu estava me machucando com aqueles ciclos da alimentação transtornada [restrição, compulsão, purgação]. Isso era minha droga, meu vício. Um ciclo sem fim"

Ela conta que o transtorno começou a ter repercussões negativas na sua carreira, e como ela percebeu que ele estava roubando sua vida:
"Eu comecei a perder minha voz, e eu não podia mais cantar nos shows. E eu lembro que meu empresário me encontrou desmaiada no chão [...]. Então eu pensei: Eu vou perder tudo se eu não aprender a me amar". 
Nicole precisou de muita força para não afundar sua carreira. Ela sabia que precisava enfrentar aquilo, que precisava rumar para sua recuperação.
"Um dia, quando você pensa que já atingiu o fim, você apenas diz: 'Não vou mais fazer isso'. É triste como eu desperdicei minha vida. Eu tinha uma vida fantástica, e o Pussycat Dolls estavam no topo do mundo, mas eu me sentia miserável por dentro. Eu nunca mais vou deixar isso acontecer de novo. Você tem apenas uma vida."

Nicole ainda coloca que apesar da ameaça que essa doença é à sua vida, você pode sair dessa. A recuperação é sim possível!
"Isso rouba sua vida. Mas a recuperação é possível, e você

pode expulsar essa doença da sua vida de uma vez por todas. Eu fiz isso, e por isso compartilhar minha história é tão importante para mim. Eu me senti tão sozinha... mas eu me fiz ficar sozinha. Você esconde isso do mundo, você se isola. Mas você pode vencer isso. Não desista, porque você é muito especial 
[...]."

Segundo Nicole, compartilhar sua história tem um único motivo: encorajar outras mulheres. 
Sua bravura é importante e necessária. Celebridades podem inspirar e motivar com suas histórias, e mostrar aos seus fãs a importância do amor próprio e da auto-aceitação. Nicole ainda mostra como a recuperação de um transtorno alimentar é possível, e é merecida por todos aqueles que sofrem. A vida não precisa acabar por causa de um transtorno alimentar.
Nicole está certa. Você existe para viver e fazer coisas fantásticas. Você vale muito!

Texto e tradução baseados nesta reportagem.